O longa-metragem "A Esposa" retrata a sociedade do século XX, focando os anos 90 e em algumas cenas o tempo cronológico muda para os anos 50, quando é representado a juventude das personagens principais. Um dos elementos essenciais do longa, é o tempo em que a história está inserida, pois através dele é possível compreender a construção do papel da Glenn Close (Joan Castleman) e do Jonathan Pryce (Joe Castleman).
Apesar da obra desenrolar, principalmente, nos anos 90, alguns flashbacks dos anos 50 são primordiais para o momento atual da mesma, pois a nomeação de Joe Castleman ao Prêmio Nobel de Literatura no tempo presente da história, por exemplo, ocorreu devido a acontecimentos antecessores, que serão explicados ao decorrer da narrativa do longa.
Os "Anos Dourados" como ficou conhecido os anos 50, foi uma época que passou por grandes transformações, devido ao recente fim da Segunda Guerra Mundial e pelo advento de novas tecnologias, como a rádio e a televisão. Entretanto, socialmente não houve muitas evoluções, em razão, por exemplo, da mulher ainda se submeter aos homens e viver sob o modelo patriarcal; por não terem espaço e reconhecimento no mercado de trabalho e tendo como principal papel ser mãe, esposa e dona de casa. Realidade que não passou despercebida no longa, já que a tão talentosa e promissora, Joan Castleman, deixou de seguir a carreira de escritora por medo de não ser reconhecida profissionalmente por seus trabalhos serem escritos por uma mulher (ela), por isso, sem muitas opções, decidiu ficar nas sombras do marido.
O papel da mulher passou por grandes transformações, principalmente, após revoluções e lutas femininas, ocorridas inicialmente nas décadas de 60 e 70, mas ao compararmos o homem e a mulher na sociedade, é evidente que ainda existe desigualdade entre ambos papéis. Nas diversas passagens do filme, que retrata a década de 90, é perceptível que Joan, a esposa, continua submissa ao marido, cedendo e realizando todas as vontades do mesmo, como por exemplo, no início do longa que encontramos Joan e Joe na cama e este propõe à esposa fazer uma “rapidinha”, além de pedir à ela para não fazer nada e a mesma sem mais delongas, consente. Outro momento do longa que mostra a superioridade do homem em relação à mulher, é no evento social que reúne os vencedores do prêmio Nobel e sua família, quando é possível perceber que as esposas dos premiados são representadas apenas como esposas, donas de casa, mães e sem capacidade intelectual para estar na posição de vencedoras de um prêmio nobel, ou qualquer outro prêmio.
Entretanto, no final do longa, notamos uma reviravolta, quando, apesar de Joan não conseguir mudar os acontecimentos que ocorreram em sua vida no passado, ela decide mudar seu presente. Depois de muitas frustrações e mágoas que Joan carregou durante anos, observamos uma significativa transformação da personagem, através de sua força e coragem ao enfrentar seu marido sobre questões que a assombraram ao longo do casamento. Assim como aconteceu com muitas mulheres que, a partir dos anos 60, se uniram para dar vozes aos seus direitos.
Julia Machado
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