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Resenha: Coisa Mais Linda


Violência doméstica, liberdade sexual, abandono parental, busca pela independência financeira e, principalmente, luta pela igualdade: esses são apenas alguns temas que a série Coisa Mais Linda da plataforma de streaming Netflix aborda. Em um Rio de Janeiro impactado pelo nascimento da bossa nova, quatro mulheres com personalidades e histórias diferentes encontram apoio uma nas outras.

A história se passa no final dos anos 50 e começa com a paulista Maria Luiza, interpretada por Maria Casadevall, se mudando para a cidade maravilhosa. Lá, ao descobrir sobre a traição e o abandono de seu marido, ela se mete em um incidente em potencial no qual conhece Adélia, que é vivida por Patrícia Dejesus.

Malu é filha de um importante barão do café, nunca trabalhou e ao se ver sem o marido, entra em desespero. Adélia é empregada doméstica, mãe solteira, negra e periférica. O contraste entre as duas fica nítido não só no primeiro encontro, mas também ao longo da série. Para o público, a maneira como as duas conseguem lidar com as diferenças é um dos vários atrativos da série.

Além de Malu e Adélia, há Lígia, personagem de Fernanda Vasconcelos, que é amiga de Malu desde a adolescência. Lígia sonha em ser cantora e em ser mãe, mas seu marido não gosta da ideia de sua esposa trabalhar. Quem completa o quarteto é Theresa, vivida por Mel Lisboa. No começo da série, Theresa é a única jornalista mulher na redação de uma revista voltada para o público feminino. Ela é cunhada de Ligia, e vive com seu esposo um relacionamento um pouco mais “moderninho” para a época conservadora. 



Ao longo da trama, há homens que são figuras-chave para o desenvolvimento da história, como os músicos Capitão e Chico, interpretados por Ícaro Silva e Leandro Lima, respectivamente. De certa maneira, o fundo musical da bossa nova e do samba, um dos charmes da série, é proporcionado por eles.

Uma das críticas à série é a maneira como acaba. Para não dar spoiler, há certos acontecimentos que deveriam ter sido mais bem explorados e desenvolvidos com mais calma. A impressão é que resolveram, de uma hora para a outra, terminar a temporada. 




Coisa Mais Linda é uma série bonita de se ver. A estética é impecável e dá até uma vontadezinha de viver naquela época. A ilustração de mulheres fortes que lutam cotidianamente contra a opressão vinda de vários lados da sociedade gera uma certa identificação. Há também o pesar de conseguir identificar pensamentos e situações similares com a atualidade mesmo a série se passando há 60 anos. A série mostra como o feminismo, a sororidade e a quebra do preconceito são construções e aprendizados que se colocados em prática no dia a dia, fazem a diferença contra a opressão e a desigualdade.



Maria Amaro

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